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Mais vale tarde...

Artigo de opinião de Pedro Reis

Foi notícia, recentemente, a expulsão de dois militantes do Partido Socialista de Barcelos, entre os quais o ex-presidente da câmara Miguel Costa Gomes, bem como a suspensão como militante de Armindo Vilas Boas.

Confesso que não tinha intenção de escrever sobre este assunto até que estas decisões se tornem definitivas, uma vez que, segundo os visados, existem recursos pendentes; mas, algumas tentativas de terceiros, naturalmente residuais, de tentar branquear o comportamento destes militantes, levam-me a ter de dizer alguma coisa. 

Das duas uma, ou estas pessoas desconhecem o processo e “emprenharam pelos ouvidos”, ou estão de má-fé e prestaram-se ao papel desprezível de ensaiar uma versão ouvindo apenas um dos lados, tentando passar a narrativa bacoca de que os visados foram penalizados por delitos de opinião.

Ninguém é penalizado, no PS, por delito de opinião ou por diferença de pensamento. São, porém, penalizados, aqueles que, sistematicamente, violam os estatutos do Partido e contribuem para o achincalhamento local e nacional da sua imagem. São penalizados aqueles que, tendo responsabilidades partidárias, boicotam a acção do Partido, nomeadamente, as campanhas eleitorais, os que não respeitam compromissos, os que não conseguem aceitar decisões legitimamente tomadas, porque não concordam com elas, os que recorrem ao insulto e à insídia quando vêem que as suas vontades não são acatadas, os que apoiam e dão guarida a traidores, que fizeram campanha contra o Partido, levando a derrota eleitoral, etc., etc.

Estas decisões, ao contrário do que se pretende fazer crer, não foram tomadas pelos militantes que apresentaram as participações disciplinares, onde eu me incluo. Foram tomadas no âmbito de um processo disciplinar que correu em duas instâncias (a Comissão Federativa de Jurisdição e a Comissão Nacional de Jurisdição do PS), sendo que foram aprovadas por unanimidade!

E o que é mais curioso é que, com excepção de dois artigos de opinião, em modo “pronto-a-vestir”, as reacções a estas penas foram inexistentes. Não se ouviu um dirigente nacional do PS, um militante histórico, um “peso-pesado” da política a mostrar pena ou constrangimento com as decisões tomadas, como aconteceu no caso da expulsão do Maximino Serra. Bem pelo contrário.

É muito fácil distinguir os que vêem o Partido e a política como um meio de transformação da sociedade, daqueles que usam o Partido para projectos pessoais, sejam eles de que tipo forem.

E a resposta foi típica: “eu não devo nada ao PS, o PS é que me deve a mim”; “se me chatearem muito, ainda vou como independente”. Que novidade... Mas alguém acreditou que houvesse qualquer tipo de “amor” ao Partido, daqueles que sempre o viram como uma espécie de “conta-corrente”, em que só interessa se o saldo lhes for favorável? 

Espero que a actual direcção local do PS encare estas decisões como uma oportunidade para, sem complexos, cortarem amarras com o passado e apresentarem-se, finalmente, como uma alternativa credível ao PSD.

Opinião

Pedro Reis
12 de Out de 2023 0

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