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Sillyseason à moda de Barcelos

Artigo de opinião de Miguel Martins, Deputado Municipal do Bloco de Esquerda

Embora possa ter passado despercebido para a maior parte da população, no passado dia 4 de agosto realizou-se uma sessão extraordinária da Assembleia Municipal.

Lamentavelmente, em Barcelos, o afastamento entre os órgãos de poder locais e as pessoas é uma realidade que continua a não merecer a devida atenção por parte dos responsáveis políticos.

 

Mas centremo-nos na Assembleia extraordinária. O mês de agosto é, geralmente, associado à “sillyseason” (tradução para “estação tonta”), uma altura em que os assuntos noticiados não são os habituais e acabam por assumir menor relevância. No entanto, ainda que em agosto o país tenha ido a banhos, é essencial discutir o que se passou naquela sessão de 4 de agosto.

 

Com base na Ordem de Trabalhos prevista para a sessão convocada, não é possível aferir uma razão que justificasse a urgência da realização desta Assembleia. Ainda assim, tem-se como principal ponto a 4ª Revisão ao Orçamento Municipal para 2023. E é precisamente aqui que, fazendo uso da expressão, “a porca torce o rabo”.

 

Para quem está mais atento à política local, decerto que ouviu os rumores acerca da não validação do Orçamento Municipal, por parte do Tribunal de Contas, por, alegadamente,não contemplar a inclusão de verbas plurianuais. Em resposta ao Bloco de Esquerda, que levantou esta questão em sede da Assembleia Municipal, Mário Constantino, Presidente da Câmara, afirmou que a sessão foi marcada a pedido do Executivo camarário, por ter havido “indicação do Tribunal de Contas” para “reforçar as verbas para 2024” alocadas para o serviço das cantinas escolares do concelho, de modo a “não comprometer o início do ano letivo, no que às cantinas escolares diz respeito” (segundo palavras do próprio).

 

Ainda assim, as dúvidas permanecem. Esta explicação só foi dada pelo Presidente da Câmara após a questão ter sido colocada. A justificação para a realização da reunião parece inusitada: afinal, o ano letivo começa em setembro de 2023. Até ao final deste ano irão realizar-se mais sessões da Assembleia Municipal (aliás, muito provavelmente haverá já uma em final de setembro/início de outubro). Qual a razão para se ter realizado esta sessão da Assembleia Municipal, quando este assunto poderia ter integrado a Ordem de Trabalhos de uma futura reunião deste órgão?

 

Uma coisa é certa. Todo este assunto e o manto de dúvida que rodeiam esta Assembleia Municipal são o perfeito exemplo do que têm sido os dois anos de governação dos destinos do Município por parte da coligação de direita. Promessa atrás de promessa, casos e casinhos que mancham a política e o concelho, problemas que continuam sem ser resolvidos. 

No fim de contas, estes dois anos de governação de PSD, BTF e CDS em pouco diferem dos 12 anos em que o PS esteve no poder. Os papéis apenas se inverteram: mudam as moscas, mas o cheiro é o mesmo. Infelizmente, para grande parte dos responsáveis políticos do nosso concelho, a prioridade não são as pessoas nem as respostas aos seus problemas, mas sim uma forma de fazer política pouco transparente e, diria até,“tonta”. Em Barcelos, vivemos permanentemente em “sillypolitics”.

Opinião

Miguel Martins
01 de Set de 2023 0

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