
Resistir ao retrocesso social
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Muito se tem falado, quer na imprensa quer entre os cidadãos, dos constantes anúncios e entrevistas do Presidente da Câmara e do seu executivo sobre os investimentos que dizem querer realizar no concelho durante o atual mandato. É natural que se faça obra e que se procure melhorar a qualidade de vida das pessoas. Isso é o mínimo que se espera de quem governa.
O que já não é aceitável é anunciar investimentos sem critério, sem responsabilidade e sem qualquer visão estratégica para o futuro do concelho. E, infelizmente, é isso que tem acontecido. Enquanto Presidente da Câmara, sempre recusei obras de regime e projetos megalómanos quando não eram prioritários ou úteis para a comunidade. Hoje, vê-se exatamente o contrário.
Comecemos pelo essencial.
O Hospital de Barcelos/Esposende é uma prioridade absoluta. Toda a gente o sabe. E o que foi feito? Nada. Os terrenos continuam por adquirir, apesar de existir uma deliberação da Assembleia Municipal. O Governo, como já vi acontecer mesmo em executivos do PS, refugia-se nesta falta de posse dos terrenos para não inscrever a obra no Orçamento de Estado. Uma desculpa inaceitável. Ainda mais quando as acessibilidades já estão em concurso público, pelo que julgo saber.
Depois, temos a Ponte Calatrava. Será prioritária? Não é. Com o Nó de Santa Eugénia concluído, a mobilidade na cidade fica amplamente melhorada, dividindo-se o tráfego com a Ponte Nova que liga à A11. Mesmo assim, o município prevê gastar mais de 44 milhões de euros numa obra que não responde a uma necessidade imediata do concelho.
O Barcelos Arena é outro exemplo. Um projeto caríssimo, totalmente secundário e sem urgência. Perde-se tempo e dinheiro onde não é preciso.
Já o fecho da circular externa é, esse sim, uma prioridade inquestionável. Aqui exige-se empenho real, não apenas anúncios.
Recentemente, o Presidente da Câmara declarou ao Barcelos Popular que pretende investir mais de 100 milhões de euros neste mandato. Ou não cumprirá esta promessa, que é o mais provável, ou empurrará o município para um endividamento asfixiante. Atualmente, Barcelos já ultrapassa os 50 milhões de euros de dívida. Perante este cenário, há apenas cinco caminhos possíveis, todos eles negativos: endividar até ao limite legal, aumentar impostos municipais, cortar despesas correntes, reduzir verbas às freguesias ou cortar nos apoios sociais. E nada impede que se façam várias destas coisas em simultâneo.
O Anuário Financeiro das Autarquias, elaborado pelo IPCA e pela Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas, coloca Barcelos entre os piores do país em execução financeira. Isto nunca aconteceu nos executivos do PS entre 2009 e 2021. Nunca.
E sei bem do que falo. Em 2009, o PSD deixou uma dívida colossal de 56 milhões de euros, incluindo 8 milhões de “obras de gaveta” aprovadas verbalmente. Ao longo de 12 anos, o PS praticamente liquidou essa dívida. Em 2021, deixámos um saldo corrente de cerca de 34 milhões de euros destinados a obras em curso, em adjudicação ou em processo de visto pelo Tribunal de Contas. Muitas dessas obras foram continuadas pelo atual executivo, mas outras ainda hoje não estão concluídas, como o Mercado Municipal ou a Casa Conde Vilas Boas.
A verdade é simples: quase todas as obras feitas no mandato anterior foram fruto do trabalho do executivo do PS, com financiamento assegurado, sem endividamento adicional e sem aumentar impostos. O Nó de Santa Eugénia e a segunda fase do Estádio Cidade de Barcelos são apenas alguns exemplos.
Muito mais poderia ser dito, mas o espaço não o permite. Espero, sinceramente, que o atual Presidente da Câmara e o seu executivo não se deixem levar pela tentação típica das maiorias absolutas reforçadas, que só aconteceu graças à falta de estratégia, inércia e incapacidade do PS nas últimas autárquicas. Que prevaleça a responsabilidade, a transparência e o respeito pelo que realmente importa: Barcelos e os Barcelenses.
Em política, prometer o que se sabe que não se vai cumprir é faltar à verdade.
Desejo a todos um Santo Natal e um Próspero Ano de 2026
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