Juntei-me à Juventude Socialista aos 15 anos porque achei que podia ajudar a melhorar o mundo. Primeiro por influência, depois por convicção, acreditei que era ali que poderia contribuir para a concretização de uma sociedade mais justa e igualitária.
Cresci e continuei a acreditar nisso, até que a maturidade me começou a dar outra visão dos atores políticos. Não da política em si. Não há nada mais nobre do que a política — e do que ela permite — na melhoria da vida das pessoas e no impacto real que tem na vida de cada um de nós.
Foram os políticos que me desiludiram. E eu deixei-me levar por essa desilusão. Por isso, a responsabilidade é minha.
Casos e “casinhos”, intrigas políticas, amizades antigas que se desfazem, interesses pessoais colocados à frente do interesse coletivo, empresas privadas a servirem-se de lugares públicos, negócios e negociatas, falta de honestidade, de coerência e de respeito pelos outros… Em suma, falta de dignidade — tanto na figura do político como na do cidadão.
Sim, porque nós, enquanto cidadãos, também temos um longo caminho a percorrer. E acredito firmemente que, quando formos melhores cidadãos, também teremos melhores políticos.
Hoje é o dia em que tomo consciência de que, apesar de sempre ter exercido o meu dever de votar, de participar em fóruns de discussão política, de gostar de política e de tentar promover discussão política — não para mudar mentalidades, mas para aguçar a curiosidade, incentivar o pensamento crítico e o desejo de informação, para que as pessoas não se deixem levar por palavras fáceis, ocas e vazias que prometem o que ninguém sabe bem como se faz, nem como se concretiza — isso não foi suficiente.
Tenho de fazer mais. Quero fazer mais. E gostava que houvesse mais pessoas a querer lutar pela literacia política como se isso fosse um desígnio e um propósito maior do que qualquer interesse partidário.
A desilusão, em vez de me impulsionar para a ação política, fez-me render. E, por isso, estou genuinamente triste.
Hoje é um dia politicamente difícil, mas também é o dia em que volto a querer usar a minha voz.