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Quem quer casar com a carochinha

Artigo de opinião de Pedro Reis

Depois da suspensão de mandato apresentada pelo vereador Domingos Pereira, em consequência da sua condenação judicial em segunda instância, e quando seria de esperar que se remetesse a uma posição de recato, temo-lo visto em grande azáfama pública nas páginas deste Jornal!

Antes de mais, ressalvo que essa suspensão do mandato, apesar de tardia, é de enaltecer. 

Porém, o líder do BTF, acossado por não ter tido (e bem, digo eu) o apoio e a solidariedade do PSD no que respeita à sua condenação, tem-se desmultiplicado em intervenções públicas, nomeadamente, através de entrevista e artigo de opinião no Barcelos Popular, donde resultaram alguns dados interessantes.

O primeiro é que o mesmo recusa-se a “morrer” politicamente.

Apesar de ter anunciado que, por vontade própria, não será mais candidato a órgãos autárquicos executivos (mesmo que quisesse não podia, pois foi condenado a perda de mandato), afirmou peremptoriamente que o BTF será sempre essencial para a definição do poder autárquico.

O problema é que Domingos Pereira e o BTF são uma e a mesma coisa. E se a sua “cotação de mercado” já era baixa, com a actual situação não tenho dúvidas que esse movimento caminha a passos largos para a irrelevância eleitoral.

O segundo facto relevante, é que o líder do BTF, coloca a hipótese de se coligar com outras forças políticas, nomeadamente, com o PS, na senda do que tem sido defendido pelo seu Coordenador Autárquico, Armindo Vilas Boas.

Confesso que fiquei contente com as palavras do líder Socialista, Nuno Martins, quando desvalorizou essa possibilidade, dizendo que a mesma apenas retrata os problemas existentes na coligação camarária.

No entanto, penso que Nuno Martins podia e devia ter sido mais incisivo no afastamento da possibilidade de o PS se coligar com o BTF. 

Em primeiro lugar, por uma questão de princípio: “Roma não paga a traidores”, e o PS tem de ter muita cautela com o perdão aos arrependidos que não se coibiram de fazerem tanto mal ao Partido. 

Em segundo lugar, e por uma razão mais pragmática, porque essa coligação não traz qualquer vantagem ao PS e é tóxica perante o eleitorado. O PS não pode ser o “caixote do lixo” dos despeitados políticos. 

Em terceiro lugar porque, logo na semana seguinte a ter dado a entrevista em que admite coligações com outras forças políticas, é o próprio Domingos Pereira a “renovar os votos” de amor perpétuo ao PSD, dizendo que a coligação municipal está para durar, alicerçada não só na sintonia política, mas também na amizade pessoal e familiar dos intervenientes.

“Quem quer casar com a carochinha, que é muito rica, além de ser bonitinha?”

A “carochinha” já não é rica nem bonita. Esperemos para ver se haverá um João Ratão; é que, segundo o conto infantil, morre cozido e assado no caldeirão...

Opinião

Pedro Reis
01 de Jun de 2023 0

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