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A habitação é um direito de todos

Artigo de opinião de Rui Pedro Faria

Artigo de opinião de Rui Pedro Faria sobre as condições em que ainda vivem muitos barcelenses.

O número oscila, mas é já superior à dezena o número de sem-abrigo que se estende pelas ruas da cidade de Barcelos. A situação é preocupante e merece atenção das entidades responsáveis.

É verdade que sem-abrigo na cidade, e sobretudo na escala actual, é uma visão recente. Mas a manchete do Barcelos Popular de há uma semana recordou-me que o problema da exclusão social é há muito uma realidade em Barcelos. Revela-se de forma gritante às portas da cidade, junto à Central de Camionagem.

Em terrenos para onde outrora foi projectado um Centro Comercial, cresceu um aglomerado de barracas que muito precariamente abrigam algumas dezenas de cidadãos de etnia cigana, entre os quais várias crianças, tão portuguesas e tão barcelenses como qualquer outro habitante do nosso concelho.

O direito à habitação está consagrado constitucionalmente e deve ser garantido, sem reservas. Como se justifica então que aqueles nossos conterrâneos (sobre)vivam naquelas condições miseráveis? É verdade que existem hoje vários apoios sociais; que as crianças vão à escola, a qual representa um papel fundamental no esforço de inclusão. Mas como esperar um percurso escolar de sucesso quando, ao fim do dia, o destino da criança é uma barraca sem condições?

Estudos antropológicos evidenciam que os ciganos portugueses permanecem como a mais grave e escandalosa de todas as situações de xenofobia. A miséria e a exclusão, perpetuada de geração em geração, conduziram os ciganos a uma invisibilidade social que importa inverter. Não podemos continuar a assobiar para o lado condenando crianças à exclusão.

A inclusão passa, antes de mais, por prover habitações condignas para aqueles nossos conterrâneos. Seja através de construção de novo edificado, arrendamento ou compra de existente – não faltam imóveis no mercado e bom seria que, ao invés de se formarem novos guetos, se distribuíssem os realojados por apartamentos da área urbana. A causa justifica o esforço financeiro.

Bem sei que se trata de matéria com potenciais custos eleitorais. Mas também sei que o executivo liderado por Miguel Costa Gomes não pauta a sua acção por critérios eleitoralistas. Veja-se, a título de exemplo, a instalação do Pop Galo na Avenida da Liberdade. Basta ouvir o que se diz pela feira de Barcelos acerca do valor pago pela peça de Joana Vasconcelos para ficarmos com a certeza de que Costa Gomes nada está preocupado com os votos que pode perder com as suas decisões.

E por isso deixo aqui um desafio ao Partido Socialista e, em particular, a Miguel Costa Gomes: sem medo de vozes preconceituosas, impulsione o alojamento digno daqueles barcelenses que vivem em barracas. Senhor Presidente, pode não capitalizar votos, mas legará esperança ao futuro de crianças que não merecem nascer e crescer condenadas à exclusão social. 

Opinião

Barcelos Popular
31 de Jan de 2019 0

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