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"Quando se muda de treinador, as pessoas criam muitas expectativas"

João Eusébio, treinador do Gil Vicente

João Eusébio vai representar a equipa gilista até ao final da presente temporada.

Há pouco mais de uma semana em Barcelos, João Eusébio já tem noção do clube que vai representar até final da época e do que a sua direcção pretende, porque, como afirma nesta entrevista, “se um clube troca de treinador quando está a três pontos da subida, isto é sinal de mudança”.

Quem é João Eusébio?
Sou treinador de 4º nível, com a competência da UEFA. Como jogador pratiquei futebol até aos 35 anos, iniciei na formação do Rio Ave, passei pelo Bragança, Lourosa, entre outros. Como jogador tenho sete subidas de divisão, duas no Bra-gança, uma no Ribeirão, aqui como treinador-jogador, e as restantes no Rio Ave. Subi o Rio Ave à 2ª Divisão B, depois para a Honra, depois da Zona Norte para a I Divisão, ainda como jogador. Como treinador, comecei na formação do Ribeirão, seguindo-se o Bragança, o Esposende, e regressei ao Rio Ave, como coordenador da formação. No ano seguinte fui coordenador técnico e assumi depois a função de treinador principal na I Liga. Na época passada, subi o Rio Ave para a I Liga, na qualidade de treinador principal, acumulando as funções de coordenador-geral. Na  formação académica, frequento o primeiro ano do ensino superior, na Universidade de Bragança.

O que é que a direcção lhe pediu?
Toda a gente tem objectivos e o João Eusébio não vem para um clube sem conhecer a sua filosofia, cultura e o que é que o clube pode e quer dar. Depois, o treinador tem de definir objectivos desportivos. Os objectivos de estrutura são da direcção. Se algum clube muda de treinador quando está a três pontos da subida é sinal que quer dar indicadores de mudança. Seja interna ou exteriormente, para os clubes adversários. É evidente que o projecto também passa pela promoção de jogadores da formação. Neste momento, a prioridade até final da época, não há base para que nós possamos trabalhar outras vertentes que não sejam o resultado desportivo, sabendo que cada indivíduo no Gil Vicente tem objectivos individuais, mas tem que ser em função de um objectivo comum.

Na actual conjuntura vai tentar a subida?
Temos a noção que há equipas, bem estruturadas, organizadas, com objectivos já definidos, algumas referenciadas e melhor posicionadas que o Gil Vicente. Mas há outras equipas que ainda se encontram pior em termos de posições. Há um leque de equipas com o objectivo de subida, mas tudo depende da motivação, auto-confiança, carisma, respeito, organização e trabalho.

O que pensa do grupo de trabalho?
No curto espaço de tempo que trabalhei com eles posso avaliar que a disponibilidade dos jo-gadores é total e é um grupo com determinação e qualidade. A maior parte está no bom caminho e tem objectivos definidos.

Recebeu a equipa com alguns titulares lesionados?
É um facto e condiciona qualquer treinador. Gostava de ter todo o grupo ao dispor. Só temos de lhes dar carinho, mo-tivá-los e fazê-los sentir que conto com eles.

O Gil esta época já conheceu três treinadores.
É a nossa vivência e temos ma-turidade para vermos que as coisas são assim. Cada qual sa-be das suas funções, obrigações e tarefas, os seus direitos e deveres e o treinador não fo-ge à regra. É normal quando os resultados não aparecem, pese embora eu ache que  a nível cultural as coisas são pensadas de outra forma.
Por vezes não é só com mudanças de treinador que resulta. Eu disse aos jogadores que quando se muda um treinador, as pessoas criam muitas expectativas, mas se for muito bom treinador poder melhorar qualquer coisa, 10 por cento, mas, entre o melhorar o que se ganha e o que se perde, se for um mau treinador, pode-se perder 50 por cento, ou seja, é aí que as pessoas têm de medir quando acontecem mudanças. O elo mais fraco é o treinador.

O que é que vai mudar no Gil Vicente?
Não é fácil mudar. Sabemos que o Gil Vicente estava a ser bem orientado, é uma equipa organizada por pessoas muito competentes, que já deram muito pelo futebol, mas é evidente que cada treinador tem uma ideia diferente do jogo.   Temos de fazer um equilíbrio das coisas, perceber o que é que se tinha e o que se pode dar, e, daí, fazer um equilíbrio.

Vai apostar no onze que vem actuando?
Vamos fazer um equilíbrio, pegar naquilo que já estava (e bem feito) e tentar mudar aqui e ali, mas, nada drástico. O treinador não é estúpido quando tem um jogador que faz 13 jogos com 90 minutos e não o tira para meter outro.

Apanhou o comboio a meio da viagem?
É um facto. Se começasse de base, poderíamos trabalhar as nossas ideias, mas não estou a dizer que está bem ou mal. Cada treinador tem uma ideia diferente.

Os sócios querem vitórias...
Quero que o Gil Vicente ganhe e que crie os objectivos. A massa associativa tem um papel preponderante. São eles que a-creditam, que vêem ao futebol e gostam de ver futebol. Queríamos ganhar e proporcionar bons jogos, bons espectáculos. É por isso que a massa associativa vem ao estádio.

Entrevista

Barcelos Popular
Texto
26 de Fev de 2009 0

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