100 anos de Gil Vicente
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Não há dia nenhum que não sejamos confrontados com as dificuldades que o mundo atravessa com as turbulências de natureza económica e financeira e consequentemente as crises sociais e políticas que, por arrastamento, se transformam em lutas e querelas sempre a castigar os mais frágeis e desfavorecidos.
Já não bastava falar da inflação galopante que teima em não abrandar e por via disso baixar drasticamente o rendimento das empresas e das famílias; do exorbitante e galopante aumento das taxas de juro e por via disso, do brutal aumento dos juros dos empréstimos à compra de casa e dos arrendamentos habitacionais; do preço da eletricidade e dos combustíveis e dos aumentos verdadeiramente insuportáveis dos produtos alimentares.
Mas é à guerra entre a Ucrânia e a Rússia que podemos atribuir todos os problemas de natureza económica e financeira que o mundo enfrenta? Claro que não. E sobre os efeitos da pandemia da cóvid-19? Claro que responsabilizar diretamente só estes casos por tudo o que está a acontecer é insuficiente. Mas vamos por partes: antes da cóvid-19 e da dita guerra em curso, quem foram os responsáveis das crises do mesmo género da que estamos a viver?Sem remontar á maior crache bolsista de 1929 denominada ainda hoje de “Grande Depressão” e relatada como a maior crise do capitalismo financeiro, cujas causas não divergem, afinal, à falta de mecanismos regulatórios da economia e à oferta de créditos efetivamente baixos, sem esquecer, claro está, ao grande crescimento da produção industrial, mas sem escoamento igual, com aumento dos stocks à espera de melhores preços, as sucessivas crises têm sempre a mesma matriz…
Mas se nos debruçarmos sobre acontecimentos bem mais recentes ainda na memória de todos, a crise financeira de 2008 que não podemos considerar como muito diferente da atual (que adiante falarei), também tudo começou com a falência do gigante Banco Lehman Brothers que fez tocar a rebate todo o sistema financeiro, arrastando consigo a desregulação dos mercados financeiros que têm sido sempre os responsáveis de todos estes descréditos porque há sempre quem, de uma forma ou de outra, dê cobertura a todos estes fenómenos, que depois os governos de cada país se encarregarão de solucionar, com elevadas injeções de capital com repercussões nos seus orçamentos.
Ora, volvidos 15 anos sobre a crise de 2008 com falências bancárias e falta de confiança sobre todo o sistema bancário com repercussões na economia e nas empresas, eis que estamos mais uma vez de “calças na mão” para ver o que por aí virá e sobre quem vai recair,por falta de regulação dos mercados financeirossempre responsáveis por estas crises, e por onde estes males começam.
É caso para perguntarmos:outra vez a crise financeira? É verdade! Nos últimos 15 dias fomos confrontados com a falência de mais dois Bancos nos Estados Unidos: o Silicon Valley Bank (SVB) e oSignature Bank.De acordo com as informações reportadas na imprensa nacional e internacional, o primeiro não sendo um Banco de elevada grandeza para a dimensão dos EUA, mas para a dimensão portuguesa seria o correspondente a 2,5 vezes a dimensão da Caixa Geral de Depósitos; já o segundo Banco estava ligado mais às transações em cripto-moedas.De qualquer forma, e quando assistimos a este tipo de perturbações financeiras instala-se de imediato o medo e a corrida aos levantamentos dos depósitos. E foi o que aconteceu nestes dois casos em concreto. Mas mais surpreendente, foi o caos instalado em torno do Credit Suisse que desencadeou um terramoto bolsista arrastando consigo toda a banca europeia.
Todos sabemos que a Suíça, desde sempre, foi tida como uma referência se segurança nos mercados financeiros e da seguríssima confiança nos seus depositantes. A solução noticiada para solucionar esta crise do Credit Suisse foi a compra através do USB com empréstimo até cerca de 101,2 mil milhões de euros pelo Banco Nacional da Suíça. Quase metade do PIB português de 2021!
Afinal, quem começou a imprimir moeda para dar liquidez nos mercados e provocar a inflação por esta via, para poder servir de estratégia para que os detentores dos mercados financeiros poderem arrecadar os lucros perdidos nos anos de 2019 a 2021?
Hoje, como ontem, já se apressaram os governos a garantirem a solidez do sistema bancário. Mas ninguém fique admirado se, entretanto, esses governos vierem anunciar a resolução de um qualquer banco.
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