Barcelos recebe sexta-feira, às 21h, uma reunião preparatória para o Congresso das Alternativas, evento político que procura uma "plataforma democrática de esquerda", segundo um dos subscritores do Manifesto, o sociólogo barcelense, Carlos Silva. O encontro realizar-se-á no auditório da Biblioteca Municipal, servirá como ante-câmara do evento que terá lugar no dia 5 de Outubro, na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa e vem numa das semanas mais "quentes" em termos políticos, depois do anúncio do primeiro-ministro das novas medidas de austeridade que implicarão o corte de um salário anual a todos os trabalhadores portugueses, na sequência da medida de aumento de 7 por cento nas contribuições para a Segurança Social.

Pessoas sentem-se no fio da navalha

Carlos Silva, professor catedrático da Universidade do Minho, antevê problemas sociais graves no país e avisa que o que se diz sobre os portugueses, que são um povo de "brandos costumes", pode, agora, mudar e, em contraponto, transformar-se numa catástrofe, em resposta a um "pacto orçamental arbitrário, recessivo, à margem dos portugueses e que fere a Constituição".

Segundo este subscritor, o desespero pode tomar conta das pessoas, que se sentem no fio da navalha, potenciando situações como "depressões ou suicídios". Situações como as da Grécia só ainda não acontecerem, em seu entender, porque há "um medo das pessoas de se manifestarem e serem reprimidas". No entanto, o desespero, mais tarde, pode falar mais alto.

Entendimento à esquerda

Para Carlos Silva, é urgente como nunca um entendimento à esquerda, até porque, na sua opinião, Bloco de Esquerda e PCP, que estão com pouca "capacidade de mobilização", têm "pequenas divergências" e as direcções dos dois partidos, garantiu, estão a ser pressionadas pelos militantes para chegarem a um entendimento, que, esclareceu, não será, nunca, para "criar um novo partido".

Mas a esquerda, para o subscritor do Manifesto, não se pode ficar por aqui, apelando, de seguida, a que o PS corte de vez com o memorando que assinou com a Troika e que assuma uma "política mínima de esquerda".

"Resgatar Portugal para um Futuro Decente" é o lema deste grupo, que já vai com mais de 1000 aderentes, e que conta, na Comissão Organizadora, com personalidades públicas como Daniel Oliveira (BE), Alfredo Barroso (ensaísta e comentador político), Ana Sousa Dias (jornalista), Vasco Lourenço (militar de Abril) ou Carvalho da Silva (ex-líder da CGTP).